CICLO I
No final de junho, encerramos o primeiro ciclo da residência “Deitar no Céu para Olhar o Chão”. Encerrar uma residência é mais do que organizar as coisas do ateliê numa mala e partir. É retornar para casa transformado, é iniciar novos diálogos com a própria produção artística.
O último mês foi repleto de eventos marcantes: tivemos uma animada Festa Junina, uma visita especial ao Inhotim, ricas conversas de ateliê entre os residentes e a curadora convidada Beatriz Lemos. Finalizamos bandeiras no Cruzeiro do Quilombo de Justinópolis, promovemos uma oficina de adobe com as crianças do bairro Jardim Canadá, realizamos uma performance e recebemos a visita de nossos colegas residentes da Bolsa Pampulha. Ufa! Muitas experiências vividas que agora se desdobram em novos caminhos.
Neste ano de 2024, o JACA propôs uma temática específica para a convocatória, e fomos surpreendidos pela excepcional qualidade dos projetos recebidos. Após muita reflexão e esforços para articular fontes de financiamento adicionais, decidimos expandir o número de selecionados de 2 para 4. Com isso, a residência será dividida em dois ciclos: o primeiro iniciando em maio e o segundo com previsão de início para setembro.
Participaram da seleção de comissão: Ariana Nuala, Francisca Caporali, Rafael RG e Samantha Moreira. Agradecemos sinceramente a todos que enviaram suas propostas e gostaríamos de manter um canal de comunicação aberto.
PROJETOS SELECIONADOS
CICLO 1
Trojany é artista visual, educadora e designer. Sua produção cruza as relações entre tecnologia, arte, ancestralidade, softwares e hardwares livres, criando ambientes de imersão virtual, sites, objetos em 3D, filmes e performance. Seu projeto de pesquisa se inspira na astronomia dos povos originários em busca de uma nova sensibilidade ao olhar o céu que não esteja atrelada ao conhecimento astronômico branco. Antes de olhar, é preciso revirar os olhos, ver o escuro. A artista propõe durante a residência, criar narrativas e filmes circulares em cúpula (full dome) em ambientes de imersão sonoro e visual, levando a corporeidade e o sensível ao centro da narrativa.
Rafael Segatto é artista multidisciplinar cuja obra acontece junto a convivência em ecossistemas aquosos, percorrendo ilhas perto de áreas costeiras, criando interações e coletando materiais orgânicos e inorgânicos desses ambientes. Seu projeto para a residência foca na criação de uma ‘astronomia das águas’, visando desenvolver uma série de pinturas que se inspiram em simbologias de origem centro-africana.
CICLO 2
Walla Capelobo é uma pesquisadora, floresta escura e lama fértil, com um interesse nas práticas que englobam a esfera temporal, a incorporação e a regeneração da vida. Para a residência, ela deseja propor uma reflexão coletiva sobre o Solstício de Inverno, considerando como esse fenômeno influencia nossa existência contemporânea e como, historicamente, ele guiou nossos ancestrais no desenvolvimento da agricultura e nos ciclos de vida e sobrevivência no planeta.
Loren Minzú é um artista visual, pesquisador e cineasta com um interesse particular na exploração de imagens que se entrelaçam com noções de tempo, espaço e corpo. Durante sua residência, Loren Minzú pretende avançar nas pesquisas relacionadas ao projeto ‘Composição para a Lua’. Este consiste em uma instalação que estabelece uma conexão entre a flora do Jardim Canadá e o corpo celeste que domina a noite, influenciando o fluxo das águas e a circulação da seiva nas plantas, enquanto filtra a luz solar e contempla a Terra.
CONVOCATÓRIA
O JA.CA anuncia uma nova convocatória para residências artísticas em sua sede no Jardim Canadá.
A convocatória, intitulada ‘Deitar no céu para olhar o chão’, se abre para artistas interessados em explorar, trabalhar, se aproximar e refletir sobre as relações entre a arte e diversas cosmovisões que têm o céu, a observação de astros e estrelas como ponto de partida.
Localizado em Nova Lima, o JA.CA se encontra a poucos metros da Plataforma de Observações Astronômicas Francisco Prado, equipamento público que faz parte do complexo ambiental do Parque Estadual da Serra do Rola Moça.
Em sintonia com a trajetória do JA.CA, que desde sua fundação em 2010 ocupou vários espaços na região do Jardim Canadá, esta convocatória estabelece uma ponte entre o céu e a terra, buscando conexões que transcendem as fronteiras físicas.
‘Deitar no céu para olhar o chão’ estende esse convite ao cosmos. Convidamos artistas e coletivos a explorarem novos imaginários sobre o Jardim Canadá, reconhecendo o território como solo fértil, marcado por camadas históricas, nascentes e minas d’água.
Esta residência se propõe a funcionar como um espaço de trocas e experimentações para pessoas interessadas em temas relacionados à astronomia, astrologia, histórias orais e curiosidades sobre o céu, ainda que o assunto não tenha sido explorado em pesquisas anteriores. Esperamos encontrar propostas que estejam em consonância com as nossas experimentações para ressignificação de materiais, equipamentos e resíduos, bem como para a recuperação de histórias, interação com paisagens, espaços do bairro, suas comunidades e imaginários.
Junto ao lançamento do Programa de Residências Nacionais 2024, o JA.CA tem a alegria de anunciar seu mais novo programa público: “Encontros na Biblioteca”. Trata-se de uma série de atividades formativas abertas ao público que ocorrem simultaneamente às residências artísticas no espaço do JA.CA localizado na Rua dos Goitacazes, situada na zona central de Belo Horizonte.