Assim como outros territórios geralmente situados no sul global, a região do Jardim Canadá, onde tem sede o JA.CA – Centro de Arte e Tecnologia, é resultado de um longo histórico de exploração humana e consequentes modificações na paisagem da região. O que poderia ser deste e de outros territórios caso fosse superada a economia da exploração? Que outras visões podemos lançar sobre a terra, que não a violação e a violência? Que outras relações se pode estabelecer com a terra e o território?
Por meio deste edital, o JA.CA convida artistas e coletivos a proporem outros olhares sobre o território onde se situa, a desenvolverem propostas de cultivo e exercícios de imaginação política, social e espacial. Seja a partir de outras economias, de ficções pós-mineração ou mesmo outras estratégias, propõe-se uma reflexão sobre um contexto marcado pelo colapso do modelo de exploração e distintas populações vivendo em permanente estado de alerta.
Convidamos artistas e coletivos à proposição de outros imaginários sobre Minas Gerais, a reconhecer o território como solo fértil, atravessado por múltiplas camadas históricas, assim como numerosas nascentes e minas d’água – não necessariamente minas de ferro e metais. Ora pela ressignificação de materiais, equipamentos e resíduos, ora pela recuperação de paisagens, comunidades e imaginários, o que se estabelece é um espaço aberto à imaginação e a experimentação artística de diferentes futuros para o presente mundo em que vivemos.
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O ciclo de residência de 2019 do JA.CA aconteceu entre os dias 21 de outubro e 21 de novembro, na sede própria, no Jardim Canadá.
ARTISTAS SELECIONADOS
GUSTAVO TORREZAN
1984, Piracicaba | SP
gustavotorrezan.com
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Aartista, pesquisador, educador. Graduado em Artes Plásticas, mestre em Educação e doutor em Poéticas Visuais pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). É pesquisador no centro de Pesquisa e Formação do Sesc São Paulo.
Em suas práticas artísticas produz trabalhos marcados pela experimentação, pela síntese de formalização e pesquisas conceituais que convidam a refletir sobre as estruturas de poder em dispositivos do sistema das artes, fazendo uso de questões sobre o arquivo e a memória, espaço e lugar, Estado e poder.
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JULIANA GONTIJO
1987, Belo Horizonte | MG
julianagontijo-blog.tumblr.com
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Nascida em Belo Horizonte, Juliana Gontijo é bacharela em artes visuais pela UFMG. Participou de diversas exposições coletivas e seis exposições individuais sendo a última delas “O tempo é implacável” no MAMAM Recife. Desenvolve projetos relacionados à geografia, à imagem e à palavra e busca sua expressão através da construção de composições híbridas lidando com pintura, desenho, objeto, vídeo, fotografia, som, texto. Através da operação de pequenos desvios seu trabalho aponta para o desejo da subversão de um discurso linear e lógico. À artista interessam narrativas que não se prestem à criação de fundamentos, aquelas que permitem, dentro do corpo do texto/ imagem, a emergência de contradições e dúvidas e que criem “fronteiras alargadas” por onde devem atravessar as complexidades da experiência de seu próprio corpo (físico, sensível e político) no tempo e no espaço.
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LARYSSA MACHADA
1993, Salvador | BA
cargocollective.com/laryssamachada
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Laryssa Machada é artista visual, fotógrafa e filmmaker, nascida em Porto Alegre/RS. Constrói imagens enquanto rituais de descolonização e novas narrativas de futuro. Seus trabalhos discutem a construção de imagem sobre lgbt’s, indígenas, povo da rua. Acredita no tempo e nas tempestades.